O Uriah Heep teve seu início em 1965, na Inglaterra, sob o nome de The Stalkers, que era um conjunto de Blues Rock. Dessa banda faziam parte o guitarrista Mick Box e o vocalista David Garrick, que mais tarde mudou seu nome artístico para David Byron,
para se diferenciar de um homônimo. Após dois anos tocando como
amadores, o conjunto decidiu se profissionalizar, e seus membros
fundaram a banda Spice, com a entrada do baterista Nigel Pegram e o baixista Barry Green (que ficou somente até o início de 1968, sendo substituído por um músico chamado Alf). Em maio daquele ano Paul Newton assumiu as baquetas.
O conjunto lutou bravamente para evitar a sua extinção e chegou inclusive a gravar duas demos que não emplacaram. Em 1969 foi a vez de Alex Napier se tornar o baterista do Spice, banda que já havia mudado bastante o som do The Stalkers, puxando sua sonoridade mais para o Hard Rock, sempre com influências de Jazz.
Visando melhorar ainda mais seu som e lançar um disco, a banda assina com o produtor Gerry Bron que sugure ao conjunto que acrescentem teclados e harmonizações à sua sonoridade. Assim, entra para a banda Colin Wood (órgão,
piano e teclado) que auxilia nas gravações em estúdio. O Spice passa
então à procurar um tecladista em definitivo, empolgados com a adição de
tal instrumento em suas composições. Paul Newton sugeriu Ken Hensley, com quem havia tocado na banda The Gods. Hensley entra para o Spice no final de 1969, quando a banda então muda seu nome para Uriah Heep, por sugestão de Gerry Bron. O nome foi inspirado em um personagem do livro David Copperfield de Charles Dickens.
A
entrada de Hensley mudou tudo o que o Spice vinha fazendo, o que fez
com que as músicas anteriores da banda fossem praticamente descartadas.
Assim,
vivendo praticamente um recomeço (pra quem havia acabado de começar) o
Uriah Heep voltou suas atenções para as gravações do primeiro disco. O
baterista Alex Napier saiu após gravar algumas faixas do primeiro
álbum e foi substituído porNigel Olsson.
Logo em seguida os músicos finalizaram Very 'Eavy, Very 'Umble (1970),
disco interessante pelo fato de ser o único da fase clássica da banda,
em que a maioria das músicas não foi composta por Ken Hensley. Ainda
assim é possível se verificar grandes clássicos como Gypsy e Come Away Melinda.
A sonoridade apresentada pelo disco é a mesma que tornaria o Uriah
Heep uma banda especial, ou seja, uma fusão do Hard Rock típico dos
anos 70, com o Progressive Rock que também estava em seu melhor momento na época.
Após lançarem seu debut, Olsson deixou o conjunto para tocar com Elton John, sendo substituído por Keith Baker, que gravou o segundo álbum Salisbury (1971). Para o terceiro disco (Look At Yourself, também de 1971) entra um novo baterista:Iain Clarke. Puta merda! Com apenas três álbuns lançados, a banda já tinha trocado de baterista sete vezes!
O segundo e o terceiro trabalho também eram muito bons, contanto com ótimas composições como Bird Of Prey (primeira composição de Hensley, e que havia sido lançada em Very 'Eavy, Very 'Umble no mercado norte-americano), Lady In Black, Look At Yourself e July Morning.
O quatro álbum é o mais importante da história do Uriah Heep: Demons And Wizards, lançado em 1972.
O disco virou referência, pela sonoridade encorpada e imponente. Além
de possuir uma arte gráfica fabulosa. O disco contém ainda o grande hit
da banda Easy Livin'. Com ele, o Uriah Heep conseguiu o status de supergrupo.
Demons
And Wizards teve uma vendagem incrível, colocou a banda no mapa do
Rock pesado mundial, atentou-a para o gigantesco mercado
norte-americano e deu identidade única ao Uriah Heep.
A
formação presente em Demons And Wizards é a formação clássica do
conjunto, composta por Mick Box (guitarra e backing vocal) , David Byron
(vocais), Ken Hensley (teclado, vocal, guitarra e percussão), Gary Thain (baixo) e Lee Kerslake (bateria). Com essa formação também foram gravados os outros álbuns de ouro da história do Uriah Heep: The Magician's Birthday (também de 1972, tão foda quanto Demons And Wizards), Sweet Freedom (1973), Worderworld (1974), e ainda um dos melhores álbuns ao vivo da história do Rock: Uriah Heep Live de 1973.
Após
o auge, o mesmo que já aconteceu com todas as bandas clássicas que eu
resenhei aqui (exceção feita ao Queen) ocorreu com o Uriah Heep: a
banda entrou em decadência.
Primeiro com a saída de Gary Thain em fevereiro de 1975,
devido aos problemas de saúde e com drogas. Gary morreira no final
daquele ano, aos 27 anos, vítima de uma overdose de heroína. Para o seu
lugar, o conjunto recruta John Wetton (ex-Family,King Crimson e Roxy Music) para começar a atuar imediatamente nas gravação deReturn To Fantasy (1975).
O resultado do disco fez o conjunto perceber que David Byron não era
mais o mesmo devido ao cansaço e ao consumo exagerado de álcool, o que
faz a banda substituí-lo após as gravaçoes de High And Mighty (1976). John Wetton, também deixa a banda.
John Lawton (ex-Lucifer’s Friend) foi admitido como vocalista e Trevor Bolder(ex-David Bowie and The Spiders from Mars), como baixista. David Coverdale(vocalista, ex-Deep Purple) e Denny Ball (baixista, ex-Bedlam e Big Bertha), chegaram a ser testados mas foram preteridos.
Muitos acharam que era o fim do Uriah Heep, considerando David Byron insubstituível.
A nova formação porém surpreendeu a todos com o excelente Firefly de 1977, disco melhor que seus antecessores, além de ter uma das capas mais bonitas que eu já ví. Innocent Victim foi lançado também em 1977 com
Ken Hensley compartilhando os créditos da produção com Gerry Bron. O
som ficou mais comercial, mas o sucesso diminuiu. Com essa formação,
chegaram a gravar ainda mais um disco,Fallen Angel, em 1978.
Como
não conseguiam repetir o sucesso dos tempos áureos, os problemas
voltaram a aparecer e culminaram com a saída de John Lawton e Lee
Kerslake. Para seus lugares vieram respectivamente John Sloman (ex-Lone Star) e Chris Slade(ex-Manfred Mann’s Earth Band).
Desde o início Hensley foi contra a escolha de Sloman (sua preferência era por Peter Goalby, ex-Trapeze), algo que se acentuaria nas apresentações ao vivo. Ainda assim, o Uriah Heep lançou o álbum Conquest em 1980. Por estar descontente com a forma com as coisas aconteciam, Ken Hensley decide sair.
Por um curto período, o tecladista Gregg Dechert substitui
Hensley. Chegam a gravar um disco, mas o resultado foi tão
decepcionante que o trabalho nunca lançado. A banda se desfaz, sobrando
apenas Mick Box e Trevor Bolder. Chegaram a chamar Byron de volta, mas
este estava envolvido em outros projetos e não se interessou. Bolder
acaba saindo fora também, indo se juntar ao Wishbone Ash.
Mick Box, o único membro que ainda continuava decide dar sequência na banda, com uma nova formação: Peter Goalby (vocais), o tecladista John Sinclair (ex-Lion eHeavy Metal Kids), o baixista Bob Daisley (ex-Windowmake, Rainbow, e Ozzy Osbourne), além de Box e Kerslake, retornando após gravar dois disco com Ozzy. Assim, dão vida a Abominog, que sai em 1982.
Mais vez, um disco de estréia de uma nova formação do Uriah Heep
surpreende e Abominog traz devolta algum prestígio para o conjunto.
Head First, que sai em 1983,
marca mais fase turbulenta do conjunto, que enfrentava problemas
judiciais envolvendo o uso de seu nome. O processo era movido por seu
antigo produtor Gerry Bron. Ainda em 1983, Bob Daisley é substituído
por Trevor Bolder. Com essa formação a banda lança um álbum chamado Equator, um dos seus piores trabalhos, que sai em 1985.
Após
esse trabalho, o conjunto encerra suas atividades, mas retorna já no
ano seguite com outra formação, que consistia em Mick Box, Lee Kerslake
e Trevor Bolder, acompanhados do tecladista Phil Lanzon, e por dois meses o vocalista Steff Fontaine. Logo depois Fontaine foi substituído pelo canadense Bernie Shaw no final de 1986 e essa formação se torna a mais estável de todas, estando junta até hoje, com 18 anos de existência.
O primeiro disco de estúdio dessa formação se chama Raging Silence, de 1990. Em seguida gravam o disco Different World, de 1992 e Sea Of Light de 1995,
consideram o melhor trabalho da formação "moderna" do Uriah Heep. O
interessante de Sea Of Light é o retorno às origens do conjunto, algo
que vai desde a sonoridade, até a arte da capa do disco.
Em 1998, lançam mais um disco: Sonic Origami, que apesar de ser um bom trabalho, acaba não tendo a repercussão que a banda gostaria.
Wake The Sleeper, de 2008, é o último álbum de estúdio lançado pelo conjunto até o momento. Em 2010,
o conjunto comemora os 40 anos de existência do Uriah Heep e do
lançamento do primeiro disco. Após tantos anos, o Uriah Heep se tornou
uma das bandas mais respeitadas da história do Rock 'n' Roll, e uma das que está a mais tempo na estrada. Só nos resta reverenciá-la e curtir sua infindável discografia.
Discografia(Estúdio):
- Very 'Eavy... Very 'Umble (1970) – chamado Uriah Heep nos Estados Unidos
- Salisbury (1971)
- Look At Yourself (1971)
- Demons & Wizards (1972)
- The Magician's Birthday (1972)
- Sweet Freedom (1973)
- Wonderworld (1974)
- Return To Fantasy (1975)
- High and Mighty (1976)
- Firefly (1977)
- Innocent Victim (1977)
- Fallen Angel (1978)
- Conquest (1980)
- Abominog (1982)
- Head First (1983)
- Equator (1985)
- Raging Silence (1989)
- Different World (1992)
- Sea Of Light (1995)
- Sonic Origami (1998)
- Wake The Sleeper (2008)
- Celebration (2009)
- Into The Wild (2011)
Discografia (Ao Vivo):
- Uriah Heep Live (1973) – gravado em 1973
- Live at Shepperton '74 (1986) – gravado em 1974
- Live in Europe 1979 (1986) – gravado em 1979
- Live in Moscow (1988) – gravado em 1987
- Spellbinder Live (1996) – gravado em 1995
- King Biscuit Flower Hour Presents In Concert (1997) – gravado em 1974
- Future Echoes Of The Past (2000)(CD 01) – (CD 02) gravado em 1999
- Acoustically Driven (2001) – gravado em 2000
- Electrically Driven (2001) – gravado em 2000
- The Magician's Birthday Party (2002) – gravado em 2001
- Live in the USA (2003) – gravado em 2002
- Magic Night (2004) – gravado em 2003
- Between Two Worlds (2005) –(2Cds) gravado em 2004 (Torrent)
Coletâneas:
- Anthology (1986)
- Lady In Black (1994)
- The Lansdowne Tapes (1994) (CD 01) ( CD 02) (CD 03) (CD 04) – compilações de gravações do Spice, pré-Uriah Heep, e out-takes dos primeiros 3 discos do Uriah Heep, todas gravadas entre 1968 e 1971
- A Time of Revelation (1994) – antologia compreendendo 4 CDs e livreto extenso, com gravações ocorridas entre 1968 e 1995
- Remasters: The Official Anthology (2001)(CD 01) (CD 02) (CD 03) (Covers) - regravação de clássicos do Uriah Heep pela formação atual
- 20th Century masters: The Millennium Collection: The best of Uriah Heep (2001)
- Chapter & Verse (2005) – (CD 01) ( CD 02) (CD 03) (CD 04) (CD 05) (CD 06) antologia compreendendo 6 CD's, livreto extenso e pôster, com gravações ocorridas entre 1968 e 1998
- Easy Livin': Singles A's & B's (2006) – coletânea contendo quase todos os singles da banda, inclusive músicas que não fizeram parte dos LP's originais
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